terça-feira, 26 de junho de 2007

Comentários do livro “Pedagogia da Autonomia: saberes necessários à prática educativa”, de Paulo Freire

Paulo Freire, autor do método de alfabetização de adultos que teve ressonância internacional, assinala na “Pedagogia da Autonomia” os critérios que devem nortear a experiência educativa. Bem diferente da simples transferência de conhecimento, o ensino tem de “criar as possibilidades para a sua própria produção ou a sua construção”, além de formar o caráter moral do educando, necessário à boa convivência social. Freire acredita na capacidade humana de libertar-se através de um processo de conhecimento que dê à pessoa os meios para assumir-se como ser social e responsável pela realidade do meio em que vive. A técnica educativa proposta está relacionada com o processo histórico e social, pois é a partir das relações do homem com sua circunstância, de suas decisões e ações, que pode dar dinamismo a essa realidade, modificá-la e humanizá-la, surgindo assim uma consciência livre e criativa, essencial aos regimes democráticos. Somos seres condicionados, mas não determinados; da mesma forma que o “status quo” não é inexorável e pode ser modificado.
A pedagogia sugerida por Paulo Freire substitui a escola e o professor tradicional por uma espécie de círculos culturais e um coordenador, cuja tarefa primordial é estabelecer o diálogo com os alunos, estimular a reflexão crítica, a compreensão e a interpretação dos fatos, o pensamento independente com segurança na argumentação e a pesquisa profunda. Por essa razão, ele concebeu uma teoria do conhecimento em que a educação pode suscitar curiosidade, crítica e revelar a realidade em que o aluno vive: educador e educando são responsáveis pelo aprendizado. A “Pedagogia da Autonomia” revoluciona o sistema elitista e verbalista da educação tradicional brasileira em que as palavras são mais importantes do que os conceitos e o professor manipula o aluno, conformando-o ao “status quo” e ao autoritarismo que caracteriza nossa sociedade.As conotações políticas de proposta pedagógica, objeto de nosso estudo, em que o povo é agente ativo de conhecimento (e não apenas receptor daquilo que as elites pretendem que deva saber), assim como agente possível de mudanças sociais, fizeram com que a teoria fosse vista sempre com receio pelas classes dominantes como um desdobramento da Teoria da Libertação... Entretanto, Paulo Freire é um idealista e sonhador, aposta no ser humano e luta por uma sociedade mais justa, pois para ele, “a educação é uma forma de intervenção no mundo”, de uma tomada mais consciente de decisões, de comprometimento, de transformações... de um futuro promissor.

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